06 coisas legais que o coronavírus ensinou para a advocacia

Desde o ano passado, o mundo se mobiliza contra a pandemia gerada pelo COVID-19. Em diversos países ao redor do globo, assistimos os governos adotarem as mais diversas medidas, sobretudo, a de isolamento social, como tática de combate ao vírus buscando a preservação da saúde das pessoas e buscando também evitar um possível colapso ao sistema de saúde.

Após a confirmação do primeiro caso de COVID-19 aqui no Brasil, fato que ocorreu em 26 de fevereiro deste ano, nasceu também a necessidade de mobilização por parte do nosso Estado para enfrentar a pandemia. Então, sem adentrar ao mérito da discussão se convém ou não o isolamento, se este há de ser vertical ou horizontal, é prudente reconhecermos que o isolamento está acontecendo. É um fato social. Em alguns lugares ele ocorre com muita adesão, em outros, nem tanto. Porém está acontecendo! Assim, por conta de tal fenômeno, todos os setores da sociedade foram impactados com a mudança de postura da sociedade o que ocasionou também uma mudança por completo das formas de atuação. Estamos vendo o mundo se reinventar e, acima de tudo, aprender com o momento. A pandemia desencadeada pela difusão do vírus COVID-19, já é considerada um marco na história do Brasil e do mundo.

Aqui no Brasil, por exemplo, estamos vendo escolas e faculdades que tinham suas aulas presenciais mantendo as atividades através de vídeo aulas online transmitidas em tempo real. Estamos vendo as empresas fomentarem o teletrabalho, difundindo a ideia do home office. Desde a chegada do coronavírus no Brasil, mais do que nunca, as reuniões de negócios estão acontecendo por vídeo chamadas. A indústria musical se reinventou e aprendeu com o poder da internet e das lives (transmissões ao vivo), buscando impactar seus respectivos públicos. No judiciário, vemos a corrida pela implementação das audiências por meio de videoconferência para garantir a efetiva prestação jurisdicional neste momento delicado, como bem assegura a Carta Magna. Na advocacia, no âmbito institucional, assistimos o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil provocar a classe questionando a opinião dos advogados acerca de quais medidas adotar para o enfrentamento ao momento. Não importa qual seja o setor, não é difícil observar a mudança no comportamento para moldar-se ao momento.

Se todo mundo está mudando sua atuação é interessante observar que as mudanças de comportamento trazem como consequência a necessidade da aplicação da inovação. A inovação, por sua vez, se traduz a evolução e, acima de tudo, ao aprendizado. É certo que o mundo, no curso da atual pandemia, não é o mesmo. O mundo, ao final da pandemia, também não será. É daí, pois, que trazendo para o campo do mercado da advocacia, percebemos alguns aprendizados obtidos até aqui.

Até agora, podemos elencar 06 (seis) aprendizados interessantes como reflexo da pandemia e que certamente integrarão ao modelo de atividade da advocacia que o mercado espera pós pandemia.

1 – Horários cumpridos não significam resultados:

Iniciando pelo o reconhecimento de que no mundo da advocacia moderna, da advocacia que chamamos de 4.0, ligada aos processos eletrônicos e vinculada a uma gama tecnológica absurda, os horários já não são fatores tão determinantes à produção de conteúdo. É sério, trabalhar de 8h às 18h não significa, necessariamente, a obtenção de resultados. Está claro agora! A pandemia atual nos ensinou que priorizar resultados ao invés de horários é muito mais útil do que qualquer outra coisa. Não adianta cobrar de si ou de seus colaboradores o cumprimento desenfreado dos horários. Eles já nem fazem mais tanto sentido assim. Os resultados positivos, sim, estes é que fazem a diferença nos dias atuais.

E vamos além! O momento nos permitiu refletir um pouco mais a ponto de ampliar o significado da palavra ‘produtividade’. Ficou mais claro reconhecer que atuar em regime de home office exige algumas demandas além da atividade profissional, valendo-se destacar a título de exemplo, cuidar da casa, dos filhos, da comida e de diversas atividades vinculadas ao lar em si, que se desenvolve em paralelo com a atividade profissional. Então, cumprir horários pode ser relativizado, ser produtivo tem um novo conceito e o importante mesmo é obter resultados.

2 – Reconhecimento da tecnologia como instrumento de aumento da produtividade:

Reconhecer o potencial da tecnologia como parceira da advocacia é um passo importante na evolução diante do momento em que vivemos. Restou claro que é possível sim substituir uma reunião por uma chamada de vídeo ou por um e-mail e utilizar meios eletrônicos para aproximar as pessoas, não importando o local em que estejam. Essa substituição mostra resultados rápidos, dinâmicos e práticos. Ademais, evita o desperdício de tempo durante o translado até uma reunião. Já param para pensar quanto tempo estamos economizando sem sair de casa e sem ter que ir ao fórum por conta da suspensão dos prazos e audiências? Os 10, 20, 30, 40 minutos de translado que aplicávamos presos no trânsito, hoje, podemos aplicar em alguma outra coisa útil à nossa atividade. Lado outro, a tecnologia pode ajudar manter um diálogo próximo dos clientes. O engraçado é que a resposta sempre esteve, literalmente, ao alcance da mão e só agora, diante de uma crise, é que entendemos que os mensageiros não são só mensageiros. O WhatsAppTelegramMessenger, Skype ou qualquer outro aplicativo de troca de mensagens é um grande e eficaz parceiro que faz com que os contratantes falem de forma rápida e efetiva com os contratados. São os mensageiros que estão mantendo o ‘convívio social’ em tempos de isolamento. Eles é que são os responsáveis por manterem as chamas dos relacionamentos sociais ainda acesas. Não devemos esquecer disso após a pandemia.

3 – Não aceitar o conformismo:

Não que seja aqui um rol dos maiores ou menores aprendizados, mas precisamos reconhecer que no tocante a advocacia, o coronavírus mostrou que o conformismo é traiçoeiro. Durante a crise, ficou escancarado que ao advogado que se manteve no conformismo, seguindo uma única linha de atuação e se isolando das demais oportunidades do mercado proporciona, agora sofre um baque. Até aqui, já podemos levar o aprendizado: não importa quão boa e perfeita esteja nossa advocacia, as crises são reais e, em algum momento da nossa atividade, elas virão.

4 – Autocrítica:

Com mais tempo ocioso, naturalmente nasce a necessidade de realizarmos uma autocrítica. E dói, sabemos! Em regra, fazer autocríticas dói, pois nos tira da zona de conforto, no entanto, ensina. Aqui, valendo destacar um ensinamento acerca da procrastinação. Quem nunca culpou a falta de produção por conta da correria do cotidiano?! Pois é. A correria em tempos de crise, nem é tão correria assim. Procrastinar independe do local em que estamos. Independe se estamos ou não no corre-corre diário. Argumentar que não produziu porque está no escritório e chegaram clientes tirando o foco é algo leviano. Devemos assumir: procrastinamos. Porém, devemos também lutar contra a procrastinação. Essa luta é uma atitude completamente pessoal e se mostra obrigatoriamente como sendo um exercício diário. Sejamos capazes de assumir isso.

5 – O exercício da empatia:

Acima, falávamos dos mensageiros que proporcionam um diálogo mais próximo com os meus contratantes. A pandemia nos ensinou muito sobre empatia no sentido mais amplo. Nos ensinou olhar mais pelo outro, tirando os olhos do próprio umbigo e fazendo, mais do que nunca, sempre uma leitura horizontal de cada ato praticado e o quanto este ato pode refletir no outro. No tocante ao exercício da advocacia, a empatia também se aplica. Naturalmente, passamos ter mais empatia com os nossos clientes e tentamos moldar a nossa atividade às necessidades deles. Ora, estamos em uma crise. Ela assola, prejudica e assusta todo mundo. Se estamos assustados e impactados com o momento, é certo de que os nossos clientes também estão! E eles, em regra, não esperam que mantenhamos contato para, de alguma forma, estender-lhes a mão. No entanto, receberão de coração aberto um contato questionando o que podemos fazer para ajuda-los vencer a crise. Talvez, seja este um diferencial que possamos passar a investir e que certamente trará resultados no futuro.

6 – Reconhecimento da importância do networking na advocacia:

Por fim, um aprendizado que pode ser uma válvula de escape futura é o reconhecimento do networking como uma das saídas para a crise. Talvez, seria ele o início de um foco de luz ao final do túnel. Ora, sejamos sinceros… se no campo pessoal, manter-se isolado dos amigos, parentes, família e colegas de trabalho é algo muito ruim, por qual motivo seria saudável manter-se isolado no âmbito profissional? O atual momento permite e, de certo modo, até exige que usemos o nosso tempo um pouco mais vago para investirmos em networking visando aumentar nossa rede de contatos, afinal se o mundo não é o mesmo diante da pandemia, ao fim dela, certamente não será. Se a advocacia mudou até aqui, ao fim da crise, o panorama será outro e ter cartas na manga para se reestruturar pode ser o início de novos tempos.

Uma coisa é certa: toda crise ensina! Cabe a você fazer a reflexão sobre o que aprendeu até agora. Cabe tão somente a você pensar o quão mais madura a sua advocacia sairá da crise.

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